De Brasília e Belo Horizonte – Brasileiros deportados dos Estados Unidos que foram algemados e acorrentados denunciam que sofreram agressões dos agentes do governo estadunidense dentro do avião que os trouxe ao Brasil.
“Eu fiquei 50 horas acorrentado pelo braço, barriga e pés.
Sem poder ir no banheiro. Nós pedimos para sair porque estava muito quente
[dentro do avião] e não deixaram. Me agrediram e me enforcaram”, relatou o
vigilante Jeferson Maia ao Metrópoles.
O avião com os deportados pelo governo de Joe Biden, porém
os primeiros a serem mandados de volta ao Brasil na era Donald Trump, saiu dos
Estados Unidos e parou por algumas horas no Panamá. Em seguida, foi até Manaus
(AM). Os brasileiros – 88 no total – fizeram um protesto porque estavam
trancados, a temperatura estava muito alta e queriam sair da aeronave. O
destino final era Belo Horizonte (MG).
“Eles queriam que a gente esperasse sem água, sem comida,
todo mundo apavorado”, conta Aeliton Cândido, morador de Divinópolis (MG).
Famílias inteiras, incluindo crianças, estavam no voo. Vários dos deportados
exibiam marcas das algemas e correntes.
“Meteram porrete sem dó”
O deportado Luis Fernando Caetano Costa disse que
testemunhou a agressão contra cerca de cinco pessoas dentro da aeronave. “Os
meninos estavam todos algemados. Os caras meteram porrete sem dó. Jogaram o
moleque no chão. Teve um menino que deram um golpe nele até desmaiar”, conta o
brasileiro.
Diante do problema técnico no avião norte-americano, houve
uma escala em Manaus. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, desautorizou
o uso de algemas
e correntes, e os deportados foram transferidos para uma aeronave da Força
Aérea Brasileira (FAB) a fim de concluir a viagem até Minas Gerais.
“Denúncias graves”
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, esteve no
aeroporto de Belo Horizonte para recepcionar os brasileiros deportados e chamou
as denúncias de agressão de muito graves.
“As denúncias das pessoas que chegaram são muito graves. A
gente tinha numa mesma aeronave famílias, crianças, crianças com autismo, com
algum tipo de deficiência, que passaram por situações muito graves”, declarou a
ministra.
Macaé disse que o ministério irá fazer um relatório para o
presidente e para o Ministério das Relações Exteriores, com as denúncias dos
brasileiros deportados. Além disso, o governo federal está em articulação com a
Prefeitura de Belo Horizonte para acolher os repatriados.
“Os países têm suas políticas imigratórias, mas as suas
políticas imigratórias não podem violar os direitos humanos. O Brasil sempre
tratou com muito respeito toda a população, tanto refugiados que chegam no
Brasil quanto pessoas que nós temos que repatriar.”
COM INFORMAÇÕES METRÓPOLES
Por. Jonnas Rocha