Faz parte dos planos do Banco Central lançar o Pix Parcelado, que também pode se chamar Garantido ou Crédito. Embora o nome não esteja definido, o produto consta na agenda evolutiva do Pix, ainda que sem data certa para lançamento.
Com objetivo de acelerar a inclusão financeira, o presidente do BC, Roberto Campos Netto, já chegou a afirmar que espera que, no futuro, não será preciso ter cartão de crédito e “poderá fazer tudo no Pix”. Enquanto a solução ainda não é implementada, bancos e fintechs aproveitam a lacuna para oferecer mais um tipo de crédito aos consumidores.
O modelo é semelhante a um parcelamento com juros no cartão de crédito. Em alguns casos é vinculado ao limite do próprio cartão e, em outros, relacionado a um tipo de empréstimo que o banco ofereça.
Na prática, funciona assim: o lojista ou a pessoa física recebe o pagamento na hora, e é o correntista quem arca com os juros do parcelamento. Quanto mais parcelas, maiores costumam ser as taxas aplicadas.
No Nubank, por exemplo, o cliente precisa acessar a “Área Pix” e simular uma transferência comum. Antes de finalizar, pode escolher usar o saldo em conta ou o cartão de crédito. Nesse último caso, é necessário ter limite disponível. O banco digital afirma que a taxa é definida a partir de uma política de crédito interna que varia de cliente para cliente.
No entanto, uma simulação feita pela reportagem mostrou que um Pix de R$ 50 parcelado em 12 vezes chega a ter um acréscimo de 30%. Em apenas uma parcela, a taxa cobrada foi de 4,92%.
Luigi Iervolino, sócio da consultoria Bip, explica que, nesse modelo, quem assume o risco de crédito é o banco, em vez do vendedor. Outra vantagem para o lojista, segundo ele, é receber na hora, ao passo que, no cartão de crédito, ele pode demorar até 30 dias para receber o valor.
Enquanto a solução não é lançada pelo Ba— Até existem algumas fintechs que parcelam em até 90 vezes sem juros, mas tudo depende da liberação de crédito para essa pessoa. Não muda muita coisa.
O Itaú disponibiliza em seu aplicativo a opção de realizar uma transferência Pix e pagar depois. Para isso, é necessário escolher a opção 'Pague Parcelado' e, depois, clicar em quantas vezes deseja parcelar. A oferta do parcelamento, segundo a instituição, depende de uma análise de crédito.
O Bradesco informou que oferece uma operação de crédito para clientes que precisem fazer pagamentos ou transferências via Pix sem saldo em conta. “O banco avalia automaticamente a transação e disponibiliza um produto de crédito no valor adequado para aIvan Habe, sócio líder de pagamentos da EY, observa que os produtos de ‘Pix Parcelado’ existentes são, em geral, atrelados a um crédito pessoal, uma vez que os bancos conhecem o perfil do correntista e, dessa forma, podem fazem ofertas personalizadas, diminuindo o risco de inadimplência.
No entanto, alerta que o uso não deve ser indiscriminado porque, além das taxas embutidas nas parcelas, o crédito pode ficar ainda mais caro se não for pago em dia:
— Esse tipo de serviço se assemelha com o empréstimo pessoal. Vale apenas reforçar que não são apenas os juros do parcelamento, mas também tem que considerar que há um valor a ser cobrado pela inadimplência e/ou não pagamento da parcela na data dovencimento.
Com mais de 163 mil contratações desde dezembro do ano passado, o Banco do Brasil permite parcelamentos de Pix a partir de R$ 100. O cliente interessado deve acessar o BB Parcela Pix no próprio ambiente do Pix para saber as taxas de juros, de acordo com seu perfil.
Já o Santander permite parcelar, mediante juros, o valor do Pix em até 24 vezes, com o pagamento da primeira parcela em até 59 dias. O valor mínimo de contratação é de R$ 100, e as parcelas precisam ser de pelo menos R$ 5.
O pagamento parcelado via Pix também está disponível para clientes da conta digital do Banco Pan que possuem valores de empréstimos pré-aprovados. A contratação é válida para transações a partir de R$ 100, com possibilidade de pagamento em até 24 parcelas.
“Para contratar o produto, basta acessar o aplicativo do Banco Pan, entrar na opção “Pix”, em seguida “Pagar parcelado”, ou iniciar uma transferência PIX por QR Code ou Copia e Cola. Após a confirmação, o cliente recebe, no próprio aplicativo, o comprovante de realização do Pix e da contratação do crédito. As parcelas serão debitadas da conta do Banco Pan, mensalmente, já com o valor da taxa de juros aplicado”, orientou o banco.
O educador financeiro Adenias Filho recomenda cautela ao usar a nova modalidade de crédito. Segundo ele, sem controle do próprio orçamento, as dívidas podem virar uma bola de neve.
— Qualquer nova modalidade que venha a ser implementada, se for para consumo, a pessoa tem que pensar se não valeria a pena poupar dinheiro para depois consumir e pagar mais barato — aconselha. — Tomar empréstimo pra consumo não é a melhor opção. É preciso ter cuidado com comprometimento da renda. E, hoje em dia, até os camelôs têm maquininha de cartão de crédito, que pode mais vantajoso a depender das taxas.
Por. Folha PE
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